top of page

A biologia por trás do venenoso Sapo- Flecha (Ameerega flavopicta)

O Ameerega flavopicta, popularmente conhecido como Sapo-flecha é um anfíbio de tamanho pequeno, variando de 20 a 30 centímetros. Seu nome é derivado de “flavo” (amarelo) e “picta” (pontos) em alusão às suas características físicas. É marcado por seu dorso e membros negros com pintas amareladas no dorso e dedos curtos. Seu ventre é azulado e esbranquiçado com padrão mosqueado negro. No Brasil, a espécie possui ampla distribuição no bioma Cerrado, sendo encontrada em formações abertas como campo limpo, campo sujo e cerrado rupestre. Sua presença foi demarcada principalmente nos estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará. Com hábitos diurnos e sendo encontrado principalmente na época das chuvas, ocupa terrenos rochosos onde se refugiam nas fendas das rochas durante o dia e saem para se alimentar.

Sua reprodução ocorre durante os períodos chuvosos em poças permanentes ou temporárias em áreas abertas. A desova, composta de 18 a 31 ovos, é depositada em grupos pela fêmea no chão ou em tocas. Os girinos são exotróficos e eclodem entre os estágios 21 e 24, possuindo atividade diurna e desenvolvendo-se em filetes de água corrente e completam a metamorfose de três a quatro meses. É interessante notar que a espécie apresenta forte cuidado parental, no qual os machos transportam os girinos no dorso até a água. Além disso, os girinos possuem o corpo em formato ovoide, com nadadeira dorsal arqueada e ponta da cauda arredondada de coloração cinza-translúcido com manchas pretas. O corpo desse estágio é cinza-prateado com manchas pretas em vista superior e ventre cinza com manchas prateadas.

Quando adultos, se alimentam principalmente de formigas e insetos. Seu canto lembra assobios curtos e repetitivos, parecendo um grilo. A vocalização é composta por notas pulsionadas, cuja duração varia entre 0,480 e 0,630 segundos, com em média seis pulsos por nota. A frequência do canto varia entre 3,2 e 4,2 kHz. Ela ocorre em fendas de rochas durante o dia após chuvas, principalmente nos períodos do ano de outubro a dezembro. Além disso, o Sapo-Flecha possui um veneno em sua pele cuja toxina é feita a partir do acúmulo de alcalóides que são sequestrados de suas presas, principalmente das formigas.

A espécie é fortemente afetada pela perda de habitat e a contaminação dos recursos hídricos. Foi registrado o desaparecimento de populações locais de Ameerega flavopicta na Serra do Cipó, provavelmente em consequência do desmatamento e poluição na região, levando a fragmentação de habitat. Entretanto, é considerada fora de perigo de acordo com a IUCN e, portanto, não existem projetos que contemplem a sua conservação de forma específica. Todavia, o espécime é descrito em instituições voltadas para a herpetologia como o Atlas colaborativo da herpetologia Brasileira, Museu do Cerrado e o Laboratório de Fauna e Unidades de Conservação. Além disso, em 2013 o réptil foi descrito no artigo publicado no Jornal de Herpetologia, no qual foi feito um estudo da história natural do animal em uma ilha formada pelo reservatório da hidrelétrica de Três Marias no sudeste brasileiro. A pesquisa encontrou aspectos na vocalização e reprodução específicas da região, diferindo-se de outros locais no qual a espécie é descrita. Esse fato foi atrelado a pressões ambientais diferentes sobre a população, uma vez que é encontrada isolada devido a criação do reservatório construído para represa.


Por: Luiza Esteves Silva



Referências Bibliográficas:

LIMA, N.G.S. Comportamento e história natural de “Ameerega flavopicta” em Pirapitinga, Três Marias, MG: sobrevivência em um ambiente modificado. Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, 13 a 17 de Setembro de 2009, São Lourenço. Minas Gerais

Ameerega flavopicta. Laboratório de Fauna e Unidades de Conservação. Brasília. Disponível em < https://www.lafuc.com/ameerega-flavopicta> Acesso em: 05 de fevereiro de 2021

Ameerega flavopicta. Museu do Cerrado. Disponível em < https://museucerrado.com.br/ameerega-flavopicta/> Acesso em: 05 de fevereiro de 2021

Ameerega flavopicta. Herpeto: Atlas colaborativo da herpetologia brasileira. Disponível em < http://herpeto.org/anuro/ameerega-flavopicta/> Acesso em: 05 de fevereiro de 2021

LIMA, Nathália GS; ETEROVICK, Paula C. Natural history of Ameerega flavopicta (Dendrobatidae) on an island formed by Três Marias hydroelectric reservoir in southeastern Brazil. Journal of Herpetology, v. 47, n. 3, p. 480-488, 2013.

Commentaires


ACOMPANHE NOSSO TRABALHO NAS REDES SOCIAIS!

  • Facebook
  • Instagram

©2019 por Jéssica de Souza 

©2020 por Janaina Duarte

 Proudly created with Wix.com

bottom of page