Aquele que dorme com o nariz na barriga
- GEAS UFMG
- 4 de ago. de 2021
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Os quatis (Nasua nasua) são carnívoros de médio porte, membros da família Procyonidae, exclusivos da América do Sul. Ocorrem em todos os biomas brasileiros e estão distribuídos desde o sul da Colômbia até o norte do Uruguai e da Argentina. Possuem duas peculiaridades na hora de dormir, que vão desde o significado do seu nome “aquele que dorme com o nariz na barriga” até o local em que podem ser encontrados dormindo e construindo seus ninhos: nas árvores. Seu corpo pode medir de 40,0 a 65,0 cm de comprimento e sua cauda pode variar de 42,0 a 55,0 cm, sendo os machos maiores que as fêmeas. Possui coloração alaranjada, avermelhada para marrom escuro ou acinzentada, sobrepondo-se com o amarelo. Essas variações na coloração da pelagem são encontradas ao longo de toda a sua área de distribuição. A cauda apresenta anéis de coloração mais clara que o resto de sua pelagem. Possuem uma cabeça alargada que termina em um estreito e prolongado focinho muito saliente, pontiagudo e de grande mobilidade. Os quatis são animais de hábitos sociáveis, diurnos e bastante adaptáveis a áreas modificadas. Vivem em bandos formados por até 30 indivíduos compostos principalmente pelas fêmeas e seus filhotes, enquanto os machos podem viver sozinhos depois de adultos. Todavia, os machos aceitos durante a época de acasalamento (julho e agosto), se mantêm fiéis ao grupo, é dessa forma que, o tamanho dos bandos, pode variar bastante de acordo com a região. A gestação dura em torno de 75 dias e ao final dela, as fêmeas se separam do grupo para dar à luz em ninhos construídos nas árvores, onde podem nascer entre um e sete filhotes, que ao completarem um mês de vida, retornam ao bando com suas mães. Além disso, o quati usa seu focinho alongado para procurar por comida, sua dieta onívora pode incluir frutos, insetos, pequenos répteis, crustáceos, peixes, anfíbios e pequenos mamíferos. Ademais, podem ser considerados como dispersores de sementes ao consumir frutos defecando sementes intactas, e também apresentam interações de associação e mutualismo com várias espécies de aves.
Atualmente, a espécie é considerada como “pouco preocupante” pela IUCN e “Vulnerável” pela lista nacional do ICMBio. Contudo, não deixa de ser sensível à perda de habitat florestal. O Parque das Mangabeiras, um local de preservação localizada no município de Belo Horizonte é cercado por áreas urbanizadas e mineradas, possui uma densidade de quatis maior do que em outras localidades onde foram conduzidos estudos com a espécie. Nesta região os animais recebem alimentação dos visitantes e são frequentemente visualizados acessando o conteúdo de lixeiras tanto do parque quanto das residências de áreas do entorno. Essa realidade, aliada a redução de predadores naturais, eleva a população de quatis, o que contribui para um cenário de conflito com animais domésticos e pessoas resultando em situações como mordidas e arranhões. Essa aproximação favorece o compartilhamento de patógenos de importância para a saúde pública e conservação de espécies silvestres como também eventuais atropelamentos devido ao deslocamento dos bandos em áreas de tráfego de veículos.
Desde 2007, o Projeto Quatis, estuda a dinâmica da população de quatis no local e região através da técnica de captura, marcação e recaptura. Dessa forma é estimada a população, estudado o comportamento, assim como a análise de área de ocupação dos bandos. Os aspectos clínicos e sanitários também são avaliados, assim como os impactos da influência antrópica sob a espécie. Dessa forma, o projeto busca alternativas de mitigar conflitos com a espécie, elaborando planos de manejo e trabalhando no contexto da Saúde Única.
Autora: Janaina Duarte

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFCAS:
HEMETRIO, Nadja Simbera. Levantamento Populacional e Manejo de Quatis (PROCYONIDAE: Nasua nasua) no Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte, MG. Tese (Mestrado em Ecologia) Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, 2011.
Quati – Nasua nasua. Onçafari. Disponível em < https://oncafari.org/especie_fauna/quati/> Aceso em: 26 de julho de 2021.
O Quati. Projeto Quatis. Disponível em < https://oncafari.org/especie_fauna/quati/> Aceso em: 26 de julho de 2021.
BEISIEGEL, Beatriz de Mello, CAMPOS, Cláudia Bueno. Avaliação do risco de extinção do Quati Nasua nasua ( Linnaeus, 1766) no Brasil. Biodiversidade Brasileira-BioBrasil, 3(1), 269-272,2013.
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