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Tartaruga de couro: a gigante dos mares

Por: Flávia Alves França


Nos últimos dias um animal ganhou as mídias por aparecer em uma praia do Rio de Janeiro: a Tartaruga de Couro (Dermochelys coriacea). Classificada como vulnerável pela IUCN e como criticamente em perigo pela Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, ela é a maior espécie de tartaruga do mundo, podendo medir 2 metros de comprimento e pesar mais de meia tonelada de quilos.


Tal como outras tartarugas, apresenta coluna vertebral fixada à carapaça, mas, diferentemente de todas as outras espécies, a sua carapaça é recoberta por uma camada de gordura e pele e não de queratina, o que dá origem ao seu nome e a possibilita alcançar altas profundidades, muitas vezes superiores a 1000m. Além disso, ao contrário de muitos animais ectotérmicos, ela consegue manter a sua temperatura basal relativamente constante em amplo espectro de temperatura ambiental, o que permite com que possa explorar regiões tanto mais frias quanto mais quentes, sendo então o réptil vivo conhecido que habita a maior faixa de temperatura.


Com isso, apresenta altas taxas migratórias entre águas temperadas e tropicais e são encontradas nos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, saindo para a costa apenas para a desova. No Brasil, seu local de desova clássico é o litoral norte do Espírito Santo e, raramente, é possível avistá-la em outros pontos da costa, como foi o recente caso do Rio de Janeiro.


Apesar do seu tamanho, as tartarugas de couro de alimentam de cnidários (águas vivas e medusas, por exemplo) e tunicados, possuindo aparelho mandibular em formato de “W”, o que auxilia na predação. Além disso, a espécie apresenta dimorfismo sexual.


Tal qual muitos marinhos, as tartarugas de couro encontram muitos desafios na sua conservação, entre eles a pesca, fantasma e acidental, e a destruição de habitats e áreas de ninhos. O fato de demorar de 9 a 14 anos para atingir a maturação e de apresentar uma proporção de, aproximadamente, 65% dos filhotes vivos por ninhos também são obstáculos biológicos à sua conservação. Por isso, o estudo desses animais é extremamente importante, já que possibilita entender mais sobre a sua biologia, fisiologia e comportamento, tópicos importantes para se propor estratégias de preservação.



REFERÊNCIAS:


  1. BAPTISTOTTE, Cecília. Testudines Marinhos (Tartarugas Marinhas). In: CUBAS, Zalmir Silvino, SILVA, Jean Carlos Ramos, CATÃO-DIAS, José Luiz Tratado de animais selvagens: medicina veterinária. São Paulo: Roca, 2006. p. 568-591.

  2. BOSTROM, Brian L. et al. Behaviour and physiology: the thermal strategy of leatherback turtles. PLoS One, v. 5, n. 11, p. e13925, 2010.

  3. CHEN, Irene H.; YANG, Wen; MEYERS, Marc A. Leatherback sea turtle shell: a tough and flexible biological design. Acta biomaterialia, v. 28, p. 2-12, 2015.

  4. JAMES, Michael C.; ANDREA OTTENSMEYER, C.; MYERS, Ransom A. Identification of high‐use habitat and threats to leatherback sea turtles in northern waters: new directions for conservation. Ecology letters, v. 8, n. 2, p. 195-201, 2005.

  5. JAMES, Michael C.; MYERS, Ransom A.; OTTENSMEYER, C. Andrea. Behaviour of leatherback sea turtles, Dermochelys coriacea, during the migratory cycle. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 272, n. 1572, p. 1547-1555, 2005.

  6. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I / -- 1. ed. -- Brasília, DF: ICMBio/MMA, 2018.

  7. Tartaruga-de-couro ou Tartaruga-gigante. Projeto Tamar. Disponível em: <https://www.tamar.org.br/tartaruga.php?cod=22>. Acesso em: 22 de junho de 2022.

  8. WALLACE, B.P., TIWARI, M. & GIRONDOT, M. 2013. Dermochelys coriacea. The IUCN Red List of Threatened Species 2013: e.T6494A43526147. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2013-2.RLTS.T6494A43526147.en>. Acesso em: 22 de junho de 2022.

  9. WYNEKEN, Jeanette. The external morphology, musculoskeletal system, and neuro-anatomy of sea turtles. In: LUTZ, Peter L.; MUSICK, John A.; WYNEKEN, Jeanette. The biology of sea turtles, Volume II. CRC press, 2003. p. 39-78.


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