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As marcas da jaguatirica no bioma brasileiro

  • Foto do escritor: GEAS UFMG
    GEAS UFMG
  • 14 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

A jaguatirica, cientificamente denominada Leopardus pardalis, é um felino de pelagem curta marcada cuja coloração de fundo é bastante variável, oscilando entre acinzentado ou amarelado, e com rosetas que tendem a se unir na lateral do corpo, formando listras horizontais e correndo em cadeias paralelas. Suas marcas são diferentes em cada lado, o que possibilita a identificação dos animais, principalmente em trabalhos a campo.

Seguindo um padrão típico da família Felidae, é um animal solitário, com atividade predominantemente noturna-crepuscular, dormindo durante o dia em tocas, em ocos de troncos, em meio à vegetação espessa ou em galhos de árvores, uma vez que é uma exímia escaladora. Utiliza também desse comportamento se adaptando para caça tanto no chão como na vegetação arbórea, possuindo dieta bastante variada, incluindo desde pequenos vertebrados aos de grande porte, como roedores, grandes roedores (paca, cutia), tatus, aves, répteis, peixes, ungulados e macacos.

Sua área de vida varia entre 0,76 a 38,8 km², sendo que o território dos machos é consideravelmente maior em relação ao das fêmeas. Está distribuída no sudoeste do Texas até porções do México e por todos os países da América do Sul e Central, com exceção do Chile. No Brasil, ocorre em todas as regiões, exceto nos Pampas do Rio Grande do Sul. Isso se deve ao fato de ter grande plasticidade adaptativa em relação à escolha de seus habitats, ocupando o Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica, entre outros. Além disso, pode ser encontrada em ambientes alterados pela ação humana, como áreas agrícolas, atividade madeireira e pastagens de reprodução bovina em pequena e média escala.. Entretanto, depende de locais com remanescentes de vegetação natural para que possa se estabelecer, o que contribui para as ameaças a sua sobrevivência, uma vez que a pressão antrópica tem afetado cada vez mais as jaguatiricas.

A fragmentação de habitat causada pelas pastagens agrícolas e a exploração madeireira influenciaram negativamente a densidade desses animais, cujas populações estão em declínio em toda sua distribuição pelo país. Além disso, foi um dos felinos mais explorados para o comércio de peles, com cerca de 80.000 peles exportadas anualmente anteriormente à Lei de Fauna, 1967, e à Lei dos Crimes Ambientais, 1998. Apesar de ser classificado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como “pouco preocupante” (LC), o IBAMA considera a espécie como ameaçada de extinção devido ao seu declínio populacional.

Em 2013 o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), promoveu em Brasília a oficina para a Elaboração do Plano de Ação Nacional (PAN) dos Pequenos Felinos. Ele visa aumentar o conhecimento e traçar estratégias de conservação das espécies alvo, dentre as quais a Leopardus pardalis está inserida. Além disso, a jaguatirica também é contemplada pelo Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais – Pró-Carnívoros, associação fundada em 1996, localizada em Atibaia, São Paulo que objetiva promover a conservação dos mamíferos carnívoros neotropicais e seus habitats. Eles atuam por meio de estratégias de educação ambiental, desenvolvimento de pesquisas científicas para obter bancos de dados necessários para preservar espécies, como o projeto “Gatos do Mato”, apoio e formação de políticas públicas conservacionistas, identificação e proteção de áreas prioritárias para intervenção, ações de manejo para garantir a sobrevivência dos animais a longo prazo, entre outras realizações.


Texto: Luiza Esteves Silva


Pró-Carnívoros: Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais. Jaguatirica (Leoparduspardalis). Disponível em: < http://procarnivoros.org.br/animais/jaguatirica-leopardus-pardalis/> Acesso em; 07 de setembro de 2020.

CUBAS, Zalmir Silvino; SILVA, Jean Carlos Ramos; CATÃO-DIAS, José Luiz. Tratado de Animais Selvagens. 2a edição. São Paulo. Roca, volumes I e II. 2014.

Oficina define ações de proteção aos pequenos felinos. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 2013. Disponível em <https://www.icmbio.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3999&Itemid=999> Acesso em; 07 de setembro de 2020.

Beisiegel, B. M., R. G. Morato, R. C. de Paula, and R. L. G. Morato. Revista eletrônica Biodiversidade Brasileira – ICMBio. Seção:Apresentação da avaliação do estado de conservação dos carnívoros. Edição:n. 1 (2013): Avaliação do Estado de Conservação dos Crocodilianos e dos Carnívoros. 2013.

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