Capivara: o maior roedor do mundo
- GEAS UFMG
- 5 de jul. de 2021
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A capivara, Hydrochoerus hydrochaeris, é considerada o maior roedor do mundo e ocorre em quase toda a América do Sul, com exceção do Chile, e em todos os estados brasileiros. Entretanto, na caatinga nordestina, a espécie é considerada como quase extinta, já que nessa região há alto índice de caça devido a sua carne, gordura, couro e retaliação por causa dos prejuízos causados às plantações. Porém, essa espécie é considerada como “pouco preocupante” pela lista nacional do ICMBio e pela IUCN já que em alguns casos ocorre superpopulação e há falta de predadores naturais.
O nome “Kapi’wara”, em tupi, significa “comedor de capim”, sendo classificada como um animal herbívoro por sua dieta ser basicamente capim, apesar de também alimentarem-se de frutos e brotos com menor frequência, e com estômago simples que realiza fermentação cecal (OJASTI, 1973; BORGES & COLARES, 2007). Dessa forma, possui uma alta conversão alimentar, com capacidade digestiva similar ou superior a de coelhos e ovinos, tanto com volumoso quanto com concentrado (BRESSAN, 2005; RODRIGUES et al., 2006). Além disso, é um roedor silvestre de grande porte com adultos de peso médio de 50 kg, comprimento variando de 106 a 134 centímetros e altura de 50 a 62 centímetros, possuindo uma pelagem longa e grossa e um par de dentes incisivos na frente. É considerado um animal semiaquático que pode ser encontrado em áreas abertas com influência de água com vegetação ripária, savanas sazonalmente inundáveis, regiões de pântanos, matas ciliares e várzeas. Segundo AZCARATE (1980) e MACDONALD (1981), cada porção do habitat é utilizada para uma atividade específica pelos indivíduos da espécie. Os campos são utilizados para o forrageio; as áreas de mata servem para o repouso, abrigo e parição dos filhotes e os corpos d’água são utilizados para atividades reprodutivas, repouso e fuga de predadores.
Dessa forma, a capivara é considerada uma excelente nadadora, provida de membranas interdigitais nas patas dianteiras e traseiras que a ajudam a se locomover na água, sendo adaptada ao ambiente aquático e considerada uma difícil presa para os demais predadores. Ao menor perigo se lançam na água e mergulham, podendo ficar mais de cinco minutos debaixo d’água sem respirar. Geralmente, também utilizam desse ambiente para que ocorra a cópula: a espécie é a mais prolífera dos herbívoros, apresentando elevada taxa de fecundidade. Com isso, a reprodução ocorre uma vez ao ano, em média, e a gestação possui duração de 16 semanas com nascimento de um a oito filhotes, com média de quatro filhotes por parto. Assim, os grupos sociais podem variar de seis a 16 indivíduos com um macho dominante, reconhecido pela presença de uma glândula localizada na superfície frontal do focinho, denominada de glândula nasal, a qual decorrente a secreção sebácea abundante que é deixada em pontos específicos de arbustos, árvores e entre outros, é utilizada para a demarcação de territórios.
Por fim, decorrente da fragmentação e consequente redução de habitats naturais, o meio urbano tornou-se uma alternativa para o grupo da fauna silvestre que possui a capacidade de se adaptar ao este meio. Essas espécies resilientes, denominadas de sinantrópicas, encontraram condições favoráveis frente às ações antrópicas: a capivara pode ser encontra em corpos de água dentro dos limites urbanos, parques público e áreas particulares, sobretudo com grandes populações, decorrente, principalmente, de grande disponibilidade de alimento e permitindo que a espécie seja mencionada como espécie-praga em várias regiões do Brasil. Tendo em vista tais fatores, o ICMBio juntamente como o Ministério do Meio Ambiente desenvolveram o Programa de Monitoramento da Biodiversidade em Unidades de Conservação, que é realizado em ambientes florestais nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia e selecionou aves e mamíferos (em que a capivara está inclusa) como indicadores biológicos para o módulo básico do monitoramento, da boa resposta a gradientes de impactos, incluindo mudanças climáticas e, da contribuição para obtenção de informações confiáveis e de baixo esforço e custo. Para auxiliar na amostragem desses grupos foram elaborados guias de identificação de espécies, definidas por análises de dissimilaridade dos agrupamentos naturais das espécies monitoradas, buscando evidenciar as grandes descontinuidades de suas distribuições. Assim, a obtenção dessas informações será de grande valia para o desenvolvimento de projetos a partir da realidade das populações das espécies em cada ecossistema e região.
Autora: Débora Mueller

Referências Bibliográficas
FELIX, A. G. et al. Hydrochoerus hydrochaeris: ECOLOGIA E POTENCIAL DA ESPÉCIE PARA PRODUÇÃO - UMA REVISÃO. BioEng, Dourado, v. 5, p. 47-56, Janeiro/Abril 2011.
FERREIRA, F. Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris). Site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Fauna Digital do Rio Grande do Sul, 2020. Disponivel em: <https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/mamiferos/ordem-rodentia/familia-caviidae/capivara-hydrochoerus-hydrochaeris/>. Acesso em: 20 Junho 2021.
INSTITUTO CHICO MENDES DA BIODIVERSIDADE. GUIA DE IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES ALVO DE AVES E MAMÍFEROS REGIÃO 7. Instituto Chico Mendes da Biodiversidade. Brasília, p. 4. 2015. (ISBN 978-85-62913-22-8).
ONÇAFARI. Nossa Fauna: Capivara Hydrochoerus hydrochaeris. Site do Onçafari. Disponivel em: <https://oncafari.org/especie_fauna/capivara/>. Acesso em: 20 Junho 2021.
TONETTI, A. M.; BIONDI, D.; LEITE, J. C. M. CAPIVARA (Hydrochoerushydrochaeris, LINNAEUS 1766) NA PAISAGEM URBANADECURITIBA-PR. FLORESTA, Curitiba, v. 47, p. 257-267, Julho/Setembro 2017. ISSN ISSN eletrônico 1982-4688.
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