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Leão-marinho-do-sul e o rugido da conservação

No grupo dos Pinípedes estão incluídos mamíferos marinhos como as focas, morsas, lobos e leões marinhos, pelo fato de utilizarem o ambiente terrestre para fins de reprodução, descanso, cuidado dos filhotes e troca de pelo. As espécies mais frequentes na costa do Brasil são o leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens) e o lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) com as maiores concentrações de indivíduos de ambas as espécies ocorrendo no Rio Grande do Sul, nos Refúgios de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte, e na Ilha dos Lobos, no município de Torres. Essas áreas são utilizadas principalmente por machos adultos e subadultos nos meses de inverno e primavera, sendo menos frequente a ocorrência de exemplares jovens e fêmeas.

Os machos de Otaria flavescens atingem comprimento máximo de até 266 cm e pesam entre 200 e 350 kg, enquanto que as fêmeas possuem até 204 cm. Ambos atingem a maturidade sexual entre 5 e 6 anos, mas só formam haréns a partir dos 8 anos. Seu nome se dá devido ao som característico parecido com o rugido de um leão e por possuírem uma “juba” ao redor da face, com mais quantidade de pelos em machos adultos. Além disso, a dieta é derivada de peixes como a pescadinha, corvina e Maria-Luísa e seu principal predador é a orca, que predam principalmente fêmeas com filhotes.

O leão-marinho-do-sul sobrevive em profundidades menores que 50 metros e distribui-se pela costa dos dois lados da América do Sul, agrupando-se em locais rochosos. Com população estimada em 275 mil indivíduos, são considerados animais com baixo risco de extinção, podendo viver até os 20 anos. O período de acasalamento e de nascimento dos filhotes ocorrem no verão e, após essas etapas, passam pela dispersão pós-reprodutiva, em que os animais deixam as colônias reprodutivas com o objetivo de procurar alimento. Dessa forma, durante o inverno e a primavera, esses animais encontram a costa brasileira por ser uma importante área de alimentação. Como as fêmeas adultas permanecem próximo às colônias para cuidar dos filhotes, encontra-se mais indivíduos machos adultos e juvenis de ambos os sexos no território brasileiro.

O período de desmame varia de oito a doze meses, normalmente de julho a novembro. A partir daí, os filhotes abandonam as colônias reprodutivas para buscar alimento. Porém, alguns indivíduos podem possuir dificuldades no processo e podem ficar debilitados. Assim, apesar da presença desses animais nas praias do sul do Brasil ser um evento natural, flutuações interanuais também ocorrem devido a fatores demográficos e ambientais. Em anos com maior número de nascimentos, tais observações são registradas com mais frequência; ademais, fatores climáticos como o El Niño e a La Niña fazem interferência na disponibilidade de alimento. Entretanto, o ciclo de vida anual da espécie não se altera, mesmo que a pesca – em que os animais são mortos por captura acidental ou agressões diretas dos pescadores – seja um dos principais impactos aos leões-marinhos. Dessa maneira, é de extrema importância destacar que a praia também faz parte do habitat dos Pinípedes e, com isso, deve ser bem preservada e com a menor quantidade possível de lixo nesses locais.

Tendo em vista os desafios da conservação dos pinípedes, como os efeitos da interação com a pesca juntamente com os efeitos da sobrepesca do estoque de presas deste grupo (peixes e crustáceos) causando desequilíbrio da cadeia alimentar e degradação dos ecossistemas, foi criado o Projeto Pinípedes do Sul. Esse projeto executará ações indicadas como prioritárias no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Cetáceos e Pinípedes (ICMBio, 2011): monitorar a presença e a sazonalidade dos leões e lobos-marinhos em seus refúgios de descanso; avaliar a presença e a mortalidade sazonal dos pinípedes e demais mamíferos marinhos na costa do Rio Grande do Sul; realizar atendimento, resgate e reintrodução de pinípedes no litoral do Rio Grande do Sul; monitorar as interações dos leões-marinhos com as pescarias de arrasto, realizar ações de educação ambiental voltada à conservação dos pinípedes, desenvolver a pesquisa e a divulgação científica para a conservação dos pinípedes, realizar atividades de articulação institucional para a conservação dos pinípedes. O projeto objetiva reduzir as ameaças à conservação das espécies de

pinípedes e das tartarugas marinhas no sul do Brasil, aumentar o nível de proteção das Unidades de Conservação e atingir as metas definidas no Plano de Ação para conservação destas espécies, enquanto política pública brasileira.

Autora: Débora Mueller




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AIUKÁ CONSULTORIA EM SOLUÇÕES AMBIENTAIS; INSTITUTO MAR; ASSOCIAÇÃO R3 ANIMAL; INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DE SANTA CATARINA. Livro de Resumos - 4º Congresso Latino-Americano de Reabilitação de fauna marinha. Florianópolis: [s.n.], 2018.

DE AMORIM, D. B. Estudo de causa mortis de Arctocephalus australis (Zimmermann, 1783) (Lobo-marinho-sul-americano) no litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Lobos e leões marinhos são registrados na região sul. Site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2018. Disponivel em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9884-lobos-e-leoes-marinhos-sao-registrados-na-regiao-sul>. Acesso em: 2 Novembro 2021.

PINÍPEDES DO SUL. Nossas espécies: Leão Marinho do Sul. Site Pinípedes do Sul. Disponivel em: <https://www.pinipedesdosul.com.br/index.php?p=nossas_especies_lista&id=MjQ=>. Acesso em: 2 Novembro 2021.

PINÍPEDES DO SUL. Nosso Projeto. Site Pinípedes do Sul. Disponivel em: <https://www.pinipedesdosul.com.br/index.php?p=nosso_projeto>. Acesso em: 2 Novembro 2021.

 
 
 

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