O comportamento arredio e ágil do Jacu-de-barriga-castanha
- GEAS UFMG
- 27 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
O jacu-de-barriga-castanha, Penelope ochrogaster, é uma das sete espécies do gênero que ocorrem no Brasil e figura entre as mais ameaçadas. É uma ave de grande porte que pode atingir 85 cm de comprimento. A cauda é longa e arredondada, bem como as asas. Possui a cabeça pequena e pescoço longo. A cor das costas e cauda é cinza escuro, quase negro, manchado de pequenos riscos claros, chegando a serem brancos nas costas. Na cabeça, pescoço e barriga, a cor de fundo é marrom avermelhada escura, com riscas brancas ou claras. Trata-se de uma espécie pouco conhecida na natureza. Apresenta comportamento arredio, afastando-se ao menor sinal de perturbação. Apesar do seu tamanho e voo [LPdS1] pesado, rapidamente movimenta-se do chão ou partes baixas da mata para a copa e desaparece entre as folhas. Ao contrário dos outros jacus, não costuma ficar dando gritos de alarme seguidos. [LPdS2]
Alimenta-se de flores de ipês, de tarumãs e cipós nas árvores durante a florada. Por vezes, a exemplo de outros jacus e por andar no chão, também pode comer frutos, sementes e invertebrados. São monógamos: o casal constrói o ninho pequeno nos cipós, ou no alto das árvores, ou em troncos caídos e em algumas vezes aproveitam ninhos de outras aves abandonado. Os ovos são brancos, lisos e grandes e a incubação dura aproximadamente 28 dias.
Sua distribuição está vinculada ao Cerrado, mas ocorre também em uma área no vale do rio Araguaia e outra no vale do rio São Francisco. Está praticamente extinto, fora da planície pantaneira, devido principalmente pela perda de habitat e pela caça. Em 2018, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do ICMBio, e da Aves Gerais Monitoramento Ambiental realizaram uma expedição de busca ao jacu-de-barriga-castanha, no município de Brasilândia de Minas/MG. A expedição, prevista no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal, teve como objetivo registrar essa espécie ameaçada, cujo último registro na região ocorreu em 2005. A espécie foi detectada em seis pontos distintos, todos em floresta ripária às margens do rio Paracatu, principalmente em trechos em estágio de desenvolvimento médio e avançado com árvores de grande porte e sub-bosque pouco desenvolvido. Foi notado que a restauração e conservação das matas ciliares do rio Paracatu, principal afluente do rio São Francisco, a criação de Unidades de Conservação e o incentivo ao estabelecimento de RPPN na região foram iniciativas essenciais para favorecer a população do jacu-de-barriga-castanha e de outras espécies raras ou ameaçadas da região. O jacu-de-barriga-castanha está categorizado nacionalmente como Vulnerável e em Minas Gerais como Criticamente em Perigo de Extinção. E o Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal é coordenado pelo CEMAVE e tem como objetivo geral diminuir a perda de habitat e populações de aves, incentivar a recuperação ambiental e produzir conhecimento sobre as espécies do PAN.
Autora: Janaína Duarte

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Pesquisadores registram jacu-de-barriga-castanha em MG. ICMBIO. Disponível em <https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/9855-pesquisadores-registram-jacu-de-barriga-castanha-em-mg> Acesso em: 11 de julho de 2021.
Penelope. WIKIAVES. Disponível em <https://www.wikiaves.com.br/wiki/penelope> Acesso em: 11 de julho de 2021.
Jacu-de-barriga-castanha. Terra da Gente. Disponível em <http://faunaeflora.terradagente.com.br/fauna/aves/NOT,0,0,1223458,Jacu-de-barriga-castanha.aspx> Acesso em: 12 de julho de 2021.
Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal 2020-2025. ICMBIO. Disponível em <https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/plano-de-acao-nacional-lista/3618-plano-de-acao-nacional-para-a-conservacao-das-aves-do-cerrado-e-pantanal.> Acesso em: 12 de julho de 2021.
Yorumlar