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O curioso caso do Tamanduaí

Atualizado: 13 de ago. de 2020

Você conhece ou já ouviu falar do menor tamanduá do mundo? O tamanduaí, conhecido também como tamanduá-cigarra ou tamanduá-seda, não pesa mais que 400 gramas! Apesar de ser um animal curioso, é muito difícil de ser visto devido ao seu tamanho e seu hábito arborícola, noturno e críptico. Possui habilidade em capturar insetos, principalmente formigas presentes nas árvores e, em menor quantidade, besouros. Além disso, são animais considerados solitários, com exceção do convívio da fêmea com filhote ou de casais durante a época de reprodução: foi observado nos mangues do nordeste brasileiro o maior número de nascimentos nos meses de setembro, outubro e novembro.


A espécie Cyclopes didactylus possui ampla distribuição pelas florestas tropicais da América Central e América do Sul, e também, possíveis altas densidades de suas populações. No Brasil, o tamanduaí ocorre na Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado (Paglia et al. 2012). Entretanto, torna-se curioso o caso do Tamanduaí no nordeste brasileiro: não existem informações sobre a biologia da população dessa espécie na região, tendo em vista que foi isolada e separada das populações amazônicas desde o Pleistoceno. Com isso, os tamanduaís da costa atlântica de Pernambuco, avaliada separadamente pela IUCN/Grupo de Especialistas em Tamanduás, Preguiças e Tatus (ASASG), recebeu status de Dados Insuficientes, sendo tal caso aberto para especulações. Provavelmente essa população possui um diferencial genético, por representar uma unidade evolutiva devido a separação da espécie amazônica desde a Era já mencionada. Se essa informação proceder, a subpopulação nordestina de tamanduaís pode ser considerada endêmica.


A intervenção humana nos habitats é, sem dúvidas, uma das maiores ameaças para os animais. A população isolada do tamanduaí no nordeste sofre com a fragmentação da Mata Atlântica devido, principalmente, as plantações de cana-de-açúcar, trazendo consequentes desmatamentos e desconexão do animal com o habitat. A captura e o comércio ilegal dessa espécie também agrava sua situação de sobrevivência. Assim, há indicações de que a distribuição dos indivíduos esteja reduzida em relação a sua área de extensão original. Dessa maneira, por mais que a população de Tamanduaí como um todo seja categorizada como Menos Preocupante (LC), a população nordestina dessa espécie necessita de ações voltadas para sua conservação, como criação e implementação de novas Unidades de Conservação e um manejo metapopulacional que preveja corredores ecológicos.


Apesar de existirem poucos estudos sobre esse animal, o Instituto Tamanduá desenvolve pesquisa de variação geográfica de C. didactylus. Flávia Miranda, médica-veterinária, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus (BA), fundadora e presidente do Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás do Brasil, é considerada especialista e referência na pesquisa de tamanduás do Brasil. Um dos projeto existentes no Instituto consiste no Programa de Conservação do Tamanduaí e seus Habitats no Nordeste Brasileiro: “Em busca do desconhecido”, possuindo como objetivos a identificação de áreas para a conservação da espécie e do seu habitat e a restauração de manguezais degradados, sendo um projeto de conservação tanto do ecossistema quanto dessa espécie única e ímpar.


Bibliografia

INSTITUTO TAMANDUÁ. Site do Instituo Tamanduá. Disponivel em: <http://www.tamandua.org/projetos/>. Acesso em: Agosto 2020.

MIRANDA, F. R. et al. Mamíferos - Cyclopes didactylus - tamanduá i. ICMBio Instituto Chico Mendes. Disponivel em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7126-mamiferos-cyclopes-didactylus-tamandua-i>. Acesso em: Agosto 2020.


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