O habilidoso Papa-mel
- GEAS UFMG
- 1 de fev. de 2021
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A Eira barbara, popularmente conhecida como Papa-mel, que é um de seus alimentos preferidos, ou como Irara, cuja origem vem do Tupi pela junção dos termos “i'rá” (mel) e “rá” (tomar), é um mamífero pertencente e família Mustelidae. Possui um corpo esguio e alongado com cauda comprida e peluda, que pode variar desde colorações marrom escuras até bege amarelados. Entretanto, o padrão mais comum é o corpo marrom escuro com nuca e cabeça beges. Além disso, eles podem apresentar manchas mais claras na região da garganta. Sua cauda, que chega a medir até 47 centímetros, é responsável por lhe dar equilíbrio e manter o corpo ereto e possui membranas natatórias nas patas, que lhe conferem habilidade para nadar.
Espécie tipicamente florestal, habitando florestas tropicais e subtropicais com vegetação em estágio primário ou secundário, a Irara ocorre em quase toda a América Latina, desde a região costeira tropical do México até o norte da Argentina. Está presente em quase todos os biomas do Brasil, como Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, e Pantanal, sendo comumente associada a regiões de vegetação densa e com forte padrão arborícola.
É um animal onívoro oportunista cujo hábito alimentar contempla frutas, insetos, mel, pequenos vertebrados, podendo comer até animais de maior porte. É um predador ativo e o olfato é o método principal no forrageamento para detecção de suas presas. Sua agilidade e habilidade com escalada também é um fator relevante que permite a procura de comida tanto na copa das árvores quanto no chão. Além disso, possui longo padrão de deslocamento, podendo viajar de 2 a 8 quilômetros por dia, com padrão de atividade diurno.
São seres solitários, mas podem ser observados em pares ou grupos, sendo esses geralmente compostos pela fêmea e seus filhotes, que permanecem na toca até os 50 dias de vida, vindo a sair dela e caçar com a mãe ao atingir entre 100 a 200 dias. O macho, em algumas ocasiões, pode ajudar na criação dos filhotes. Os indivíduos usam a vocalização, similar a um latido, como meio de comunicação entre si.
A espécie tolera a proximidade a habitações humanas e utiliza os recursos que esses ambientes alterados podem fornecer (pomares, plantações de cana de açúcar e campos de milho), ainda que seja pouco encontrada fora de habitats florestais. Foi classificada como Menos Preocupante (LC) pela IUCN e, ainda que não existam indicações de declínio populacional da espécie no país, há modificações em suas densidades populacionais em diferentes localidades e biomas. A perda de habitat é identificada como a principal ameaça à espécie. Além disso, a retaliação por parte de produtores rurais também causa a morte de muitas iraras, pois é comum serem perseguidas por causa de danos provocados em colmeias artificiais, predação de galinhas, pomares e cultivos de frutas, especialmente o abacaxi.
O governo brasileiro não possui medidas de conservação específicas para espécie em nível nacional. Entretanto, é contemplada pelas ações da ONG Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade que atua em escolas do ensino fundamental e médio para promover a educação ambiental e conscientização acerca da importância da conservação e dos serviços ambientais. Além disso, o Instituto para Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró-Carnívoros), cuja missão é promover a conservação dos mamíferos carnívoro neotropicais e seus habitats, também fornece visibilidade a esse animal e contribui para sua manutenção na natureza. Ainda que seja um animal pouco ameaçado, é um forte exemplo de como é necessário se atentar para a manutenção e prevenção de animais que não se encontram em risco, a fim de mimetizar problemas futuros relacionados à espécie.
Por: Luiza Esteves Silva

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Beisiegel, B. M., R. G. Morato, R. C. de Paula, and R. L. G. Morato. Revista eletrônica Biodiversidade Brasileira – ICMBio. Seção:Apresentação da avaliação do estado de conservação dos carnívoros. Edição: n. 1 (2013): Avaliação do Estado de Conservação dos Crocodilianos e dos Carnívoros. 2013.
CUBAS, Zalmir Silvino; SILVA, Jean Carlos Ramos; CATÃO-DIAS, José Luiz. Tratado de Animais Selvagens. 2a edição. São Paulo. Roca, volumes I e II. 2014.
Carnívoros brasileiros: Irara. ICMBio. Disponível em < ICMBio - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros - Irara> Acesso em: 22 de janeiro de 2021.
OLIVEIRA, Denise. Já ouviu falar da irara ou papa-mel?. WWF. 11 de março de 2019. Disponível em < https://www.wwf.org.br/?70242/Ja-ouviu-falar-da-irara-ou-papa-mel> Acesso em: 22 de janeiro de 2021.
Irara. Oncafari. Disponível em < https://oncafari.org/especie_fauna/irara/> Acesso em: 22 de janeiro de 2021.
Irara. Instituto Rã-bugio. Disponível em < http://www.ra-bugio.org.br/ver_especie.php?id=58> Acesso em: 22 de janeiro de 2021.
Irara. Instituto Pró-Carnívoros. Disponível em < https://procarnivoros.org.br/animais/irara/> Acesso em: 22 de janeiro de 2021.
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