Os Hábitos Alimentares da Arara-azul-de-lear
- GEAS UFMG
- 28 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Você sabia que a Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) ocorre exclusivamente na caatinga baiana? A ave endêmica é encontrada na região do Raso da Catarina e se distribui nos municípios de Jeremoabo e Canudos localizados no estado da Bahia. A população total da espécie conta com 1700 indivíduos, sendo a maioria deles habitantes dessa macrorregião, enquanto que no Parque Nacional Boqueirão da Onça existe outra população de oito indivíduos em processo de revigoramento por meio da reintrodução de aves originadas de cativeiro em pareceria com o Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear e a Loro Parque Fundación. Até o ano de 2008 era considerada uma espécie criticamente ameaçada, porém, quando a população alcançou o número de 960 indivíduos foi classificada como espécie “Em Perigo” de acordo com os critérios da CITES, na qual persiste nesta categoria até os dias de hoje.
A espécie utiliza cavidades existentes nos paredões de arenito, conhecidos como Toca Velha e Serra Branca, para se reproduzir e possui o hábito de voar distâncias de até 60 km por dia para se alimentar. A principal fonte da dieta são os cocos da palmeira licuri (Syagrus coronata) os quais são consumidos em torno de 300 cocos diariamente! Além disso, alimenta-se também de baraúna, umbu, mucunã, milho e fruto de cactos como o mandacaru e o facheiro. Entretanto, em períodos de baixa produtividade de licuri, é comum as aves causarem prejuízos aos pequenos agricultores produtores de milho por procurarem essa alternativa alimentar e, dessa forma, relatos desses animais vítimas de tiros que ocasionam, geralmente, morte ou amputação de partes do corpo são frequentes.
Assim, a principal ameaça para A. leari consiste na redução das áreas que propiciam sua alimentação decorrente da ação e ocupação antrópica. Ademais, a captura dessas aves para o comércio ilegal de animais silvestres é um grande contribuinte do status de conservação da espécie: é uma ave considerada rara e de grande valor monetário.
Tendo em vista esse cenário, faz-se necessário a proteção e a conservação de áreas habitadas pela Arara-azul-de-lear sendo imprescindível a educação ambiental das comunidades em tais regiões. Em 1997 foi elaborado um Plano de Ação pelo IBAMA, juntamente com o Comitê Permanente para Recuperação e Manejo da Arara-azul-de-Lear (CPRAAL), com a finalidade de realizar ações emergenciais para a conservação da espécie incluindo o monitoramento das populações e o estudo da reprodução, recuperação do licuri, suplementação alimentar, intensificação da fiscalização e envolvimento das comunidades locais no processo de conservação.
Porém, em 2015 houve aumento da demanda por atendimentos médicos veterinários de A. leari, com participação do Criadouro Científico para Fins de Conservação Fazenda Cachoeira, destacando a necessidade de melhoria nos resgates desses animais e conscientização da população para minimizar tais conflitos. Dessa forma, originou-se o Programa de Resgate da Arara-azul-de-lear, coordenado pela Associação Araras do Brasil, com o apoio do ICMBio e, em 2019, as atividades em campo se iniciaram. Para saber mais sobre o funcionamento do projeto, acesse: https://resgateararaazuldelear.weebly.com/conheccedila.html
Autora: Débora Aroeira Mueller

Referências Bibliográficas
CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE AVES SILVESTRES. Arara-azul-Lear. Site do Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Disponivel em: <https://www.icmbio.gov.br/cemave/pesquisa-e-monitoramento/arara-azul-de-lear.html>. Acesso em: 21 Setembro 2020.
INSTITUTO ARARA AZUL. Programa de Conservação a Arara Azul de Lear. Site do Instituo Arara Azul, 2019. Disponivel em: <https://www.institutoararaazul.org.br/programa-de-conservacao-a-arara-azul-de-lear/>. Acesso em: 21 Setembro 2020.
PROGRAMA DE RESGATE DA ARARA-AZUL-DE-LEAR. Programa de Resgate da Arara-azul-de-lear. Site do Programa de Resgate da Arara-azul-de-lear. Disponivel em: <https://resgateararaazuldelear.weebly.com/conheccedila.html>. Acesso em: 21 Setembro 2020.
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